CONVERSA | Para iniciante ver

|PING-PONG|

Em agosto do ano passado, o site da Revista Exame publicou uma matéria com a seguinte manchete:  “Ainda vale a pena publicar livros no Brasil?” – Sabe como é… Mercado editorial em crise, tecnologia modificando o consumo (inclusive literário) e aquelas questões que não andam de jeito nenhum querendo calar sobre o futuro dos livros e das livrarias.

Na contrapartida disso tudo, em 2016, uma pesquisa feita pelo IBOPE divulgou que o percentual da população leitora no Brasil aumentou para 56%, em face dos 50% apontados no estudo anterior; dado que pode nos alertar para o fato de que leitores nós temos, talvez o que “nos falte-nos seja um pouco de glamour”.

O caso é que se existe leitor, vou te contar que autor também não anda faltando no mercado. Diariamente, centenas de escritores lançam livros em várias plataformas brasileiras. Eu mesma, chique que sou, tenho um… dois… três amigos escritores. Não lembro muito do terceiro, mas a gente sempre tenta incrementar as listas, não é mesmo? No meu caso, fico entre a exuberância do incremento e o temor do esquecimento.

Pois bem. Recentemente, em um grupo para autores iniciantes, encontrei Ernesto Aguiar, um carismático paulistano de 25 anos, ele próprio leitor de livros e quadrinhos, espectador de séries e filmes e retrogamer (curte lá uns jogos antigos) – é um geek, o Ernesto. No último dia 07, Aguiar colocou no mundo o seu primeiro filho: uma obra intitulada “As Armas do Gênio Imortal”. E é sobre inícios, mercado literário e plataformas de publicação que falaremos com ele na primeira entrevista ping-pong deste blog.

A – Ernesto, conta pra gente como surgiu o desejo de publicar um livro…

Eu sempre tive uma imaginação muito fértil, sempre criava minhas histórias com os mais variados estilos e gêneros. Porém, foi apenas com 20 anos que resolvi colocar essas histórias no papel.

A – Você me falou que passou cinco anos escrevendo e reescrevendo a sua obra. Nunca pensou em desistir?

Muitas vezes, principalmente quando recebia uma crítica negativa (e nada construtiva) ou quando eu mostrava a obra, mas ninguém dava atenção, o que doía ainda mais. Mas graças aos amigos e pessoas que conheci do mundo da literatura, pude continuar buscando me aperfeiçoar. Sinto que não sou o mesmo homem que era há cinco anos.

A – E você mudou em…

Sinto que amadureci na escrita. E ainda tem o feedback positivo que recebo a partir disso… Então, quando me olho no espelho, percebo que cresci muito nos últimos anos.

A – Você havia dito que chegou a buscar editoras para publicação do seu livro. Como foi esse processo de busca?

Foi bem difícil. Na maioria das vezes eu fui ignorado; noutras vezes passavam-me valores exorbitantes, que eu não teria condições de pagar. [Algumas editoras cobram pela publicação hoje em dia]. Quando busquei, por mim mesmo, fazer o livro, correndo atrás de pessoas que pudessem ilustrar, diagramar e revisar, apareceram outras propostas. Então, senti que estavam apenas se aproveitando do momento e recusei. Procurei por meus meios e, com ajuda dos meus amigos, uma plataforma que apoiasse os novos escritores. 

A – Pode dizer o nome dessa plataforma e como ela funciona?

A plataforma é a Uiclap. Ela começou há poucos meses, mas além de  oferecer um bom passo a passo de publicação, não cobra ao autor por isso. É uma parceria no processo ganha-ganha: o leitor compra o livro por um preço mais barato (praticamente metade do que pagaria a uma editora comum), o autor tem o seu lucro (sem precisar desembolsar dinheiro para publicar) e a editora consegue vender. Além disso, a plataforma também oferece ao autor atividades auxiliares, que o incentivam a melhorar e a se aproximar do seu leitor.

A – Nesses tempos, em que a disrupção tecnológica tem contribuído inclusive para a crise no mercado editorial, por que você escolheu publicar um livro físico e não um e-book?

Bem, é que apesar de também gostar de e-books, seja pela facilidade ou comodidade, ainda sou adepto de ficar em um lugar silencioso e degustar um bom livro físico. Inclusive, a razão pela qual o e-book se tornou tão popular é o fato de que o mercado literário não presta muita atenção em seus escritores e consumidores, que imploram por inovação, menor custo e menor burocracia.

A – Agora nos fale um pouco do seu livro. Quais assuntos você procurou abordar nele?

Procurei pincelar diversas questões: como uma arma pode consumir uma pessoa; a razão pela qual as armas, ceifadoras de vidas, são idolatradas; e o que a imortalidade pode fazer conosco, seres mortais.

A – O seu livro é uma distopia, né? Por que decidiu por esse subgênero literário?

Eu sempre imaginei como seria um futuro após os tão temidos cataclismos, onde a humanidade teria que começar tudo de novo. É fácil de imaginar que [neste mundo] haveria muitas guerras, violência e morte. Mas, ao mesmo tempo, quis apresentar [no meu livro] a humanidade saindo dessa era de caos, quando ela finalmente começa a se reerguer.

A – Quer deixar um recado para outros escritores iniciantes?

Eu persisti porque tive amigos e pessoas que me ajudaram, me incentivaram a continuar. Por isso, o meu recado é: tenha pessoas ao seu redor em quem você confie e que acreditem em você.

Assita Aqui o Book Trailer do livro As Armas do Gênio Imortal

Adna Maria é pernambucana, bibliófila e aspirante a escritora. Tem formação em Jornalismo e Geografia.

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